terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Por que há tanto preconceito no Brasil?

Sueli de Cássia Tosta Fernandes1

A razão da existência do preconceito ainda nos dias atuais, não parece dever-se a fatores naturais, não é natural o ódio, o amor é natural.
Já dito por Nelson Mandela: “Ninguém nasce odiando outra pessoa pela cor de sua pele, ou por sua origem, ou sua religião. Para odiar, as pessoas precisam aprender; e, se elas podem aprender a odiar, podem ser ensinadas a amar, pois o amor chega mais naturalmente ao coração humano do que o oposto”.
Pois bem, direi o óbvio, o fim do preconceito está na educação! Se os nossos jovens não forem educados para o amor, dentro de uma cultura de paz e respeito, de nada adiantará as leis contra as discriminações raciais, homofóbicas e tantas outras.
É fácil concluir que quando os jovens não recebem uma educação anti-preconceito, ele se mantém guardado, ou melhor, escondido, e em algum momento aparece, ou explode de maneira violenta. Os jornais nos mostram vários exemplos disso.
No Brasil as leis afirmativas em prol a população afro descendente encontram resistência por parte de alguns membros da sociedade, suponho que a origem disso, esteja no modo como o livro didático retrata os negros, ou seja, no que aprenderam sobre o assunto.
A questão é que não basta elaborar uma lei e acreditar que “num passe de mágica” tudo estará resolvido, o preconceito está na cabeça das pessoas e a lei não muda a cabeça das pessoas.
E aí, entra a educação, que tem como princípio levar os alunos a pensar e a refletir, portanto, se queremos a transformação de uma sociedade devemos investir em educação.
E a educação é de responsabilidade de quem? Da escola? Não, a educação não é restrita a escola! A família deve fazer a sua parte. Como? Ficar atenta à linguagem de que faz uso é um bom começo.
Pensando nessa questão, sugiro refletir sobre o uso de expressões que desvalorizam os negros, como: “Nuvens negras se aproximam” (para sugerir momentos difícieis) ou “a coisa está preta” (para indicar que algo está fora do controle), e outras similares.
Esses são alguns exemplos de expressões que carregam em si estratégias ideológicas para se dizer aquilo o que não é dito, mas o que se pensa, e servem à construção de uma imagem negativa da raça negra.
Uma criança que vivencia um ambiente com expressões dessa natureza, dificilmente enxergará o negro de forma positiva, portanto, a educação para igualdade não é de  responsabilidade só da escola, é responsabilidade de toda a sociedade.
Diante dessa problemática é que me propus a pesquisar no mestrado, o que os livros didáticos da disciplina História (de 1930 a 2010) dizem sobre os negros, quais os mecanismos utilizados para dizerem o que dizem, porque dizem o que dizem, e a que se destina.
Nas oficinas que fazem parte das atividades da exposição “Negro Interior”, procuro dividir com outras pessoas os resultados das minhas pesquisas, interessa-me não culpá-las pelo que aprenderam, e, sim, provocá-las a uma reflexão mais acentuada sobre o assunto.
Em outras palavras, espero sensibilizar o maior número de pessoas para ficarem atentas à violência simbólica praticada contra os negros, comumente manifestada pelas linguagens.
Artigo publicado na 13ª. edição da Revista CULTURANDO.

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Dica de leitura:


Livro: Preconceito linguístico: o que é, como se faz?. de Marcos Bagno.

É um tratado de respeito pelos diferentes falares existentes no Brasil.
O autor nos mostra que quando falamos em preconceito, devemos considerar que toda forma de discriminação é preconceito. Portanto, não podemos nos esquecer das exclusões lingüísticas.
Algumas pessoas acreditam que existe uma única forma correta de falar e é aquela que está na gramática. Bagno nos mostra o contrário. Coloca em "cheque" concepções baseadas em conceitos “certo” e “errado”. Mostra que no Brasil existem diferentes falares e que todos estão corretos, não existe um modo certo de falar e um errado, e sim, maneiras diferentes de falar.
Já que busco tratar da diversidade neste blog, ponho em destaque esta obra que li na graduação e gostei muito.


Parece haver cada vez mais, nos dias de hoje, uma forte tendência a lutar contra as mais variadas formas de preconceito, a mostrar que eles não têm nenhum fundamento racional, nenhuma justificativa, e que são apenas o resultado da ignorância, da intolerância ou da manipulação ideológica. Infelizmente, porém, essa tendência não tem atingido um tipo de preconceito muito comum na sociedade brasileira: o preconceito lingüístico.” (BAGNO).


A obra tem admiradores e críticos...mas, indubitavelmente, ninguém fica alheio a ela.

As pessoas de mente aberta, Boa leitura!

Atualmente tenho sido vítima de preconceito.

Quando digo que sou vegetariana, as pessoas fazem caras e bocas e soltam à máxima: “mas porque você é vegetariana?” ou então fazem piadinhas dizendo que isso é frescura, e/ou  outras expressões similares ...
Não preciso dizer o quanto isso é deselegante ou é aborrecedor, né!?
Incrível porque ninguém se pergunta por que é carnívoro, e olha que a maioria das pessoas que me criticam se acham revolucionárias...(rs...). Para mim, aceitar uma idéia sem questionar, ser carnívoro sem formular suas próprias respostas é que é algo retrógrado.
Não há nada de errado em mim, a minha saúde é ótima, tenho disposição e sou feliz.
Uma espécie de felicidade comum aos vegetarianos que tem a consciência de quem não se alimenta de outro animal. Uma felicidade baseada no respeito por toda a espécie animal.
Eu nunca apreciei convenções, sou questionadora por natureza, nada do que é convencional me soa bem. Se quiserem um argumento político, ofereço esse, não aceito nada pronto, ideias hegemônicas não me agradam, não aceito imposições...nem as de mãe, (rs...) lembrando do desespero dela ao tentar me fazer comer carne quando eu era uma criança, afinal, ela acreditava que essa era a única maneira de garantir um crescimento saudável para mim. Ela fazia o que aprendera com a mãe, que aprendera com os seus antecedentes... são tantos os mitos repassados por gerações, esse é mais um que compõe a vasta galeria. Enfim, acho antiético e politicamente incorreto a matança de animais.
Nutro um profundo amor por todos os animais, doe-me pensar que alguém se alimenta graças à dor alheia. Para vivermos bem não precisamos matar os animais! O meu cardápio é rico em nutrientes, saboroso e colorido. Eu vivo em paz, com respeito à vida!