segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

Reflexão

O que é preconceito?

Sabe-se que o prefixo PRE indica antecedência, ou seja, algo que vem antes. CONCEITO é algo concebido, síntese de uma idéia, juízo que se faz de algo. Preconceito então é conceito ou opinião formada antecipadamente. Daí já se percebe o perigo em sua adoção, como é possível ter-se um juízo correto sobre algo que o sucede, como se pode ter em mente um conceito antes de conhecê-lo em profundidade.
Considera-se ajuizado, algo que foi submetido ao conhecimento do juiz, ou então, pessoa sensata, prudente, ponderada. Se ajuizado é algo que foi apreciado, julgado e avaliado, como alguém pode classificar algo que ainda não se conhece?
Observa-se, a partir de sua acepção, que o seu uso tende a indicar uma atitude discriminatória, pois parte de uma idéia superficial, afinal, a idéia não foi submetida a uma apreciação cuidadosa.
Diante disto, poder-se-ia considerar ignorante todo aquele que exerce preconceito, já que ignorante é aquele que ignora, desconhece. Geralmente, teme-se o que não se conhece, neste caso pode-se entender o medo como o causador do preconceito.
Para se “des-preconceituar” (no sentido de deixar de ter preconceito) é necessário observar, estudar, analisar, examinar detidamente todo e qualquer assunto.
Pessoas preconceituosas buscam encontrar em suas vítimas características que não lhe sejam comuns para justificar a sua atitude de alienação, assim, o que está fora dos seus padrões nomeia como anormal (foge do arquétipo), portanto, objeto de discriminação.
Os preconceitos mais comuns em sociedade são baseados na cor, sexo, religião, classe social e aparência física. Tudo que é diferente é discriminado. Parte-se da idéia que o que é diferente não merece respeito.
Viver em sociedade requer uma atitude positiva independente de qualquer diferença, porém atitude é ponto de vista, então a atitude do preconceituoso é negativa em relação ao elemento discriminado, acreditando-se ainda, ser coerente com as referências que possui. Sua atitude é baseada na educação que recebeu, em suas crenças, idéias e valores que tendem para determinada predisposição comportamental, senso comum.
Assim, entende-se que o preconceito é causado em decorrência de uma imagem padronizada coletivamente expressando raiva e ódio sem explicações racionais, já que se baseiam em conceitos desprovidos de análises.


Até a próxima.

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

"DEMOCRACIA RACIAL"

Fomos educados com base numa suposta "democracia racial", na qual cada um vive conforme deseja. Absurdo, não?
No entanto, se percorrermos aos nossos livros didáticos perceberemos imediatamente a quantidade de falácias que ilustram esse importante material de ensino.
Inacreditável? Convido os leitores a recorrerem aos seus velhos livros na busca de marcadores linguísticos capazes de provocar a apreensão de preconceitos.
Foi assim que a minha pesquisa teve início, um dia, ao descrever documentos pertencentes ao acervo do Museu Histórico, Artístico e Folclórico “Ruy Menezes”, me deparei com um caderninho de 4ª. Série, pertencente à jovem Guilhermina Caramori, matriculada em 1934, no antigo Primeiro Grupo, hoje E.E. Dr. Antônio Olympio. O caderno continha várias disciplinas, minha curiosidade recaiu sobre a de História.
Tamanha foi a minha surpresa ao ler o texto que descrevia o sistema escravagista no Brasil, fiquei estarrecida, triste, deprimida, indignada e revoltada. Identifiquei que os conceitos transmitidos naquela época omitiam fatos e fantasiavam outros mais.
Pensei no absurdo daquela educação e comecei a pesquisar livros de outras épocas e percebi que as falácias existem até os dias de hoje. A minha indignação se transformou em pesquisa e assim conclui o curso de Letras com a apresentação de trabalho de conclusão de curso sobre análise do discurso, com o tema: “Discurso do Texto da disciplina História: os Conceitos e os Preconceitos”.
Fui abençoada, recebi a nota máxima e muitos elogios.
Agora, quero dividir o resultado da pesquisa com outras pessoas que se interessam pela promoção de uma educação que vise à igualdade e não a diferença tão recorrente nos livros didáticos.
Nas edições a seguir escreverei uma série de artigos com trechos de livros analisados.
Sejam bem vindos, vamos discutir o assunto, escrevam-me: fernandes.sueli@gmail.com
Publicado http://www.tourofolia.com.br/
em 04/02/2009

A MÍDIA TEM PODER?
eis a questão...

Todo texto exerce influência, quando não de persuasão, sobre aquele que o recebe. O grau desse poder de influência está diretamente relacionado aos níveis de conhecimento empírico e acadêmico desse receptor.
Portanto, pessoas que praticam menos o hábito de leitura estão mais vulneráveis as manobras utilizadas por políticos, jornalistas tendenciosos e programas de tevê com péssima qualidade, que assolam as telinhas em todo o nosso país. São inúmeros os exemplos, que não perderei tempo em mencioná-los e menos ainda em enumerá-los pela má qualidade.
Canais de tevês como CULTURA e BRASIL, são pouco sintonizados, embora, sejam canais gratuitos e com uma excelente programação. Qual a explicação? Não sei! Especulo que seja o resultado de vários fatores educacionais e culturais.
O filósofo alemão Shopenhauer, em seu livro “A Arte de Escrever”, traz ricas considerações sobre o “erudito”, classificado por ele como um leitor voraz, mas incapaz de pensar por si mesmo. Em sociedade seriam aqueles que sempre no meio de uma conversa introduzem frases de grandes pensadores para iludir o seu interlocutor. Aliás, eu pessoalmente conheço alguns.
O fato é que precisamos ler bastante, mas também precisamos refletir sobre o que lemos, afinal, muita coisa do que lemos não é verdade.
Os textos trazem consigo, explícita e implicitamente, uma bagagem ideológica e estão em constante dialogo com outros textos, por isso, eles se constituem em um emaranhado de ideias.
Os meandros da linguagem, muitas vezes intencionalmente tendenciosos e persuasivos, são capazes de direcionar a apreensão de conceitos por parte de leitores desavisados ou imaturos. Conceitos transmitidos de maneira tendenciosa mutilam o pensamento individual e massificam os ideais e a forma de ver o mundo de uma população, transformando-a em uma massa incapaz de desvencilhar-se das armadilhas do senso comum.
Não raro, tais armadilhas levam o cidadão a adotar idéias incorporadas socialmente, sem a mínima reflexão, perpetuando equívocos seculares. Esses, muitas vezes, fomentam concepções errôneas e preconceituosas sobre os mais variados temas.
Para não ficar prolixa vou encerrar pedindo aos amigos leitores para não aceitarem nada do que eu escrevi sem a devida reflexão, quero apenas provocá-los para formularem seus próprios pensamentos.
E fica a pergunta: A mídia tem poder?
Até a próxima.
Publicado no site tourofolia.com.br
em 02/fev/2010